
I - Sinceramente fiquei radiante com a resposta que a Junta de Freguesia/Grupo de Cantares da Bemposta deram ao meu artigo publicado no Jornal “Reconquista”, no dia 31 de Março.
“As imprecisões sobre os folguedos de entrudo” publicadas no dia 13 de Abril no mesmo jornal, deram me um enorme regozijo por duas ordens de razão:
a) o meu desabafo no artigo que redigi teve mais impacto do que eu imaginaria, e portanto, não foi indiferente às pessoas;
b) a minha acção provocou uma reacção, isto é, um movimento activo, e provou-se assim que nem sempre as coisas ficam eternamente inertes. Há momentos que é preciso dar um abanão para que as coisas se desenvolvam e se debatam.
Fui acusado por este grupo de pessoas de enxovalhar a senhora vereadora da Câmara de Penamacor, e que merecia um processo judicial.
Bem, quanto às minhas opiniões são estritamente políticas, e com referências factuais concretas e objectivas, cunhando os meus artigos com a veemência que eu acho mais adequada.
Se essa ameaça é uma forma de me pressionar para que eu interrompa o livre exercício de opinar publicamente, conforme é garantido pelo artº 37º da CRP, estão redondamente enganados, pois isso, só servirá para que eu esteja cada vez mais atento ao que se passa na minha terra e ser cada vez mais activo.
Embora, uma eventual queixa sobre o que escrevi não teria fundamento jurídico relevante, mas se é essa a sua/vossa vontade, avancem!!!
Eu, Bruno Caldeira, assumo todas as minhas responsabilidades nos meus actos, assinando sem complexos os meus artigos de opinião, e não me refujo na facilidade de estar encoberto e semi-incógnito por uma ou mais entidades.
De certo modo, fiquei surpreso com o teor extensivo do artigo a que eu me estou a referir, pois como é sabido, eu critiquei o trabalho do pelouro da cultura da Câmara Municipal de Penamacor e da sua vereadora, e não as pessoas da Bemposta do Campo. E por esse facto tenho enormes dúvidas que esse artigo fosse efectivamente escrito por eles, ou que houvesse vontade autónoma suficiente.
Essa situação faz-me lembrar um excerto da obra do grande filósofo alemão Fredrich Nietzche, “A Origem da Tragédia”: …” também Euripedes foi em certo sentido apenas a máscara, a divindade que falava através dele não era Diónisos, não era também Apolo, mas um demónio recém nascido chamado Sócrates” …
Passe a redundância do termo demónio para este caso em concreto, afinal nesta nossa história, alguém poderá dizer-me quem é aqui o verdadeiro Sócrates????
Reafirmo integralmente tudo o que escrevi nas “impressões”, as minhas opiniões não são manipuláveis porque penso e actuo em conformidade com a minha consciência. E de uma vez por todas, os titulares de cargos autárquicos têm que se habituar a encaixar as criticas que lhe são feitas, e não se vitimarem das suas asneiras, pois se há legitimidade democrática ( por vezes não é bem assim) dos eleitos, o tempo não pode recuar, nem Penamacor deve estar sujeita à aragem da ditadura, urge a necessidade da implementação da democracia participativa, de falar sem medo, é aquilo que eu faço.
Também não posso ser acusado de nada fazer pelo Concelho de Penamacor, orgulhosamente fundei a Associação Domvs Egitanae que tentou incutir um novo rumo, uma nova estratégia para o desenvolvimento de Penamacor, e inclusive fomos elogiados publicamente pela própria vereadora, no Folguedos 2003, por “desenterrar” uma tradição esquecida, “o enterro do entrudo”, contudo sendo uma associação sem fins lucrativos, as nossas acções pareciam “setas” apontadas à ineficácia do pelouro da cultura da Câmara de Penamacor, e a Junta de Freguesia de Bemposta nunca se dignou a ceder um espaço para a Domvs Egitanae, nem mesmo com as minhas denúncias nos órgãos de comunicação social local.
As desculpas para o sucedido na organização dos folguedos deste ano são no mínimo hilariantes, pois só mostram o amadorismo dos organizadores, com um planeamento deficiente e uma ausência completa no controlo organizacional da acção. Mas se todo o mal foi resultante da falta de comunicação entre os agentes, eu próprio posso oferecer, se for preciso, um telemóvel à Junta de Freguesia da Bemposta e outro à Câmara de Penamacor para que as coisas da próxima vez corram melhor.
Era bom que aprendessem com a pedagogia dos seus erros, de forma a corrigir as anomalias resultantes, reflectindo positivamente nas criticas que eu apontei. Ao contrário do que foi dito, e apesar de ser natural da Bemposta do Campo, e com muita honra, eu acredito na salvação do Concelho de Penamacor como um todo, isto é, nas potencialidades das Águas, da Aldeia do Bispo, da Aldeia de João Pires, das Aranhas, da Benquerença, do Meimão, da Meimoa, do Pedrógão de São Pedro, do Salvador, do Vale da Senhora da Póvoa e da Vila de Penamacor, e não entro num provincianismo arcaico, e recuso ceder à prepotência dos pequenos grupos de pressão, porque irei intervir sempre que for preciso, e não tenho que dar satisfações a ninguém do meu livre exercício de cidadania participativa e democrática.
II - Caricatamente foi deturpado o termo que apliquei para caracterizar a maioria das pessoas que integravam o grupo da Bemposta do Campo nos Folguedos deste ano.
É evidente que essas pessoas foram enganadas pelos “sabichões” quanto ao significado real do termo. Porque saber ler, mas não saber interpretar os textos pode dar azo a confusões, e para solucionar esse problema de iletracia, umas aulas de Língua Portuguesa não faziam mal nenhum.
A palavra “velhotes” é um termo carinhoso para tratar as pessoas mais idosas, sobretudo aqueles que passaram pelas contrariedades da vida, pela privação dos seus sonhos e que merecem a minha maior estima. Porque a verdade, velhos são os trapos…e não os velhotes.
É mais um equívoco de quem quer lançar a intriga e a malvadez, pois, a ignorância eu posso perdoar, já perversidade não tolero.
Toda essa manipulação de colocar o termo em questão fora de contexto, jamais seria possível ser intentado à minha saudosa velhota…à minha avó Isaura.
A admiração que eu tinha sobre a minha avó transcendia a minha imaginação, ela era uma verdadeira mulher do campo que amava colossalmente a sua terra.
A eloquência das suas palavras e da sua sabedoria popular faziam dela a primeira diplomata natural que conheci, e a sua perspicácia de reconhecer a mentira era fenomenal. Sendo mulher, num tempo difícil e num espaço dominado por homens, a sua destreza de pensamento e sinceridade da sua forma de estar contribuíam para marcar a sua presença indelével.
Matriarca por excelência, muito liberal para altura, que saudades tenho das suas histórias cantantes junto da lareira, arrepiavam-me de alegria e de êxtase para enfrentar a vida.
Era verdadeiramente arrebatadora a sua presença, e é pena que os seus conterrâneos ainda vivos não saibam distinguir aqueles que estão a cegá-los de falsidades.
III - Por duas vezes foi referenciado nas “imprecisões” a minha desistência à presidência à Câmara Municipal de Penamacor, pelas suas palavras ficou mais frustrada/o do que eu pela retirada da minha candidatura independente, porém a esperança é a ultima a morrer, e quem sabe daqui a três anos, não haverá uma nova candidatura, muita coisa pode acontecer….
Não desespere!!!!!