Esko Kiuru foi o convidado de honra no encerramento da Semana Escandinava da Associação Domvs Egitanae. O diplomata finlandês veio falar da Kalevala, a epopeia nacional da Finlândia que tem provocado grande interesse junto de onde menos se esperava, os apreciadores de “heavy metal”.
Chama-se Kalevala. O nome é estranho à maioria dos portugueses, mas não a uma portuguesa que se viu a braços com a tradução do finlandês, para a língua de Camões. Ana Isabel Soares tem em mãos a responsabilidade de levar a bom porto a primeira tradução para português da epopeia nacional da Finlândia, depois de um primeiro contacto com a tradução de um romance nos idos de 1995.
O trabalho tem, no entanto, uma ajuda preciosa, a de Merja de Mattos-Parreira, uma finlandesa que acabou por constituir familia no nosso país, até porque, como admite Ana Soares, o finlandês não se aprende em alguns anos, é preciso muito mais. O desafio começou quando o Presidente da República visitou a Finlândia tendo ficado estabelecido, na altura, que o Kalevala seria traduzido para português, ao mesmo tempo em que os Lusíadas, de Luíz de camões, seriam traduzidos para finlandês.
Esko Kiuru acabou por vir até Penamacor apadrinhar a apresentação da obra, uma maneira de conhecer o interior do país para deixar de ver Portugal apenas do redor da embaixada. “A visita a este país é muito importante, especialmente hoje em dia, quando nós temos estas negociações entre os Governos, sobre o futuro europeu. Nós temos também que conhecer as culturas dos países, não só as culturas das cidades grandes, mas também as regiões um pouco ao lado” disse o diplomata, num português ainda esforçado, mas claro.
O finlandês é mesmo uma das mais antigas línguas do mundo. Os primeiros registos datam de há quatro mil anos ou seja já anterior ao nascimento de Cristo e não se pense que pela proximidade e uma certa resonância é tudo igual. “Somos parecidos com os suecos e noruegueses, mas temos muito pouco a ver com eles”, garantem Merja Parreira que juntamente com Ana Soares lembram aquele que foi talvez o colóquio mais curioso em que falaram do Kalevala. Recentemente, foram convidadas para falar sobre o livro frente a uma plateia de apreciadores de heavy metal, tudo porque um dos grupos mais apreciados dentro do género faz diversas referências ao livro e às suas personagens. A plateia esteve muito atenta, garante Merja Parreira, que brinca com a situação dizendo que em vez de professores de longas barbas brancas tiveram barbas menos brancas e acompanhadas de roupa preta e muitas correntes...
in jornal “Reconquista” de 21 de Novembro de 2003
Sem comentários:
Enviar um comentário