FORMAÇÃO POLITÉCNICA NÃO É SUFICIENTE
Turismo, acessibilidades e mais aposta nas associações juvenis são alguns dos aspectos considerados fundamentais para dar voz ao Interior. Conclusões extraídas do Colóquio que decorreu em Penamacor e onde Martins da Cruz considerou essencial uma Universidade em Castelo Branco
As regiões sobretudo as do Interior do país terão poder? A pergunta não terá obtido respostas directas, apesar de o colóquio ter por título “O Poder das Regiões”
Foi assim que a Associação Domvs Egitanae se deu a conhecer, de forma mais aberta, com um colóquio que juntou autarcas como Domingos Torrão e Armindo Jacinto, pessoas ligadas ao meio académico como Martins da Cruz, António Delgado da Universidade da Beira Interior, José Carlos Henriques da Universidade Independente e ainda Francisco Abreu que falou do associativismo juvenil. Convidados que, no entanto apontavam vários caminhos para responder à questão essencial ao colóquio, só faltando mesmo o Governador Civil de Castelo Branco que apesar de ter sido confirmado como um dos oradores acompanhava à mesma hora a visita do Ministro da Educação a Castelo Branco.
Domingos Torrão abriu o leque de ideias com o tema “As vias para o desenvolvimento de Penamacor” onde defendeu os mesmos objectivos que o levaram à presidência da Câmara. Para o autarca o desenvolvimento de Penamacor passa pela aposta em sectores como o turismo, a que não passa ao lado a questão da construção de uma unidade hoteleira e a promoção não só do que o concelho pode oferecer de património histórico e natural, como também dos produtos regionais. O presidente da Câmara Municípal de Penamacor não esqueceu ainda a questão das acessibilidades como o arranjo da ligação a Espanha e a velha luta da ligação à auto-estrada.
Universidade em Castelo Branco
Armindo jacinto tem, no entanto, uma opinião muito própria quanto aos investimentos que Penamacor quer fazer a nível de alojamento. O vice-presidente da Câmara Municípal de Idanha-a-Nova defendeu que o concelho vizinho de Idanha pode apostar no turismo, mesmo sem a construção de um hótel.
Aponta como exemplo o projecto “Casas da Raia” que passa pelo alojamento em habitações particulares. Um projecto gerido pela própria Câmara Municípal de Idanha-a-Nova que, no entanto, está mais a frente até mesmo a nível de hóteis e estalagens.
Martins da Cruz aponta como caminho para o desenvolvimento do Interior uma única palavra: a formação, que defendeu como solução para o problema da desertificação. Segundo o reitor da Universidade Lusíada, o Interior está sem gente porque “a causa fundamental da nossa desertificação, não tenhamos dúvidas, é única e simplesmente a qualificação das pessoas”. Adiantou, por outro lado, que os politécnicos não são suficientes para formar os estudos do Interior, apesar de não querer desvalorizar o trabalho feito, sobretudo na região, embora defenda uma Universidade em Castelo Branco.
A formação, ou a falta dela, é também o problema apontado por José Carlos Henriques para falar das autarquias. Segundo o director do curso de administração regional e autárquica, da Universidade Independente, são ainda poucos os trabalhadores ao serviço das autarquias com formação superior. Mais de metade, não tem sequer o 9º ano e licenciados deverão ser apenas 2,5% dos quadros autárquicos.
A discussão fez-se também do retrato das associações juvenis. Francisco Abreu considerou estranho que as Badas Filarmónicas e os ranchos Folclóricos não possam ser classificados como associações juvenis.
Lembrou que muitas dessas associações têm, não só uma história, que em alguns casos chega a ultrapassar o século de vida, como também são constituídas essencialmente por jovens o que em princípio seria meio caminho andado para serem considerados associações juvenis.
No meio de vários caminhos houve ainda espaço para a defesa do património cultural, no mês em que passou mais um aniversário sobre o nascimento de Ribeiro Sanches, António Delgado, docente da disciplina de História da Arte na Universidade da Beira Interior defendeu a realização de um congresso sobre Ribeiro Sanches para atraír estudiosos ao concelho e retirar do anonimato, a figura de um dos portugueses mais influentes do século XVIII no país e no mundo.
in jornal “Reconquista” de 21 de Março de 2003
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